Friday, November 17, 2006

Café no Hotel Timor... bombas em Beirute!

Depois destas aventuras, dei comigo no bar do Hotel Timor, a beber um café com um puto (22 anos) que serve de faz-tudo para as empresas que querem estabelecer-se em Timor. O Salal é um gajo nascido na Palestina, de pais Libaneses, que está em Timor ao serviço de uma empresa Holandesa dum tio que presta apoio local a empresas. Basicamente, é o desenrasca... arranja reuniões, assegura transporte e alojamento, etc., e deve cobrar um balúrdio. Enfim, a lei da oferta e da procura no seu melhor.

O Salal está satisfeito em Timor, embora confesse que de vez em quando convém fugir para outro sítio para desanuviar (a ilha é demasiado pequena, e não tem muito para fazer). Apesar de tudo, o tipo foi um bom barómetro para sondar o ambiente local. O gajo diz que não se sente inseguro, mesmo com os ambientes tensos que às vezes surgem. Aliás, ele já foi alvo de duas situações curiosas: a primeira, deu-se quando foi evacuado aquando da altura dos conflitos mais lixados no verão, e decidiu ir visitar a família ao Líbano... nas palavras dele “estava eu muito bem em Dili, obrigam-me a fugir. Vou para o Líbano, passo um mês a levar com bombas nos cornos!” Como dizem os anglo-saxónicos “out of the frying pan... and into the fire!!!”
A meio da conversa surge a Joana, miúda acabada de sair da Faculdade de Direito cujo pai vive em Timor desde o referendo em 1999. A história dela também não deixa de ser curiosa: veio no verão para visitar o pai, ofereceram-lhe trabalho, ela gostou do sítio e ficou! O pai é que se passou... mas já lhe passou! Ao menos a miúda tem dois dedos de testa e, ao contrário de muita gente que anda por Timor a fazer asneira em nome do Estado Timorense, quando lhe pediram para preparar uma lei complicada, ela disse que não tinha experiência suficiente, e sugeriu que contratassem ajuda especializada!!! Se todas as pessoas que estão em Timor a “mamar” à custa da ONU e do Estado Timorense fossem tão honestas como a Joana, ter-se-iam evitado muitos dos disparates legislativos que já foram cometidos... e os que de futuro se vão cometer. Eu não duvido que muitas das pessoas que por cá andam sejam bem intencionadas... o problema é que é preciso ter noção das nossas limitações e, por vezes, não dá! É preciso coragem para saber dizer “não sei”... mas também, quem diz não sei não consegue justificar o ordenado “simpático” que recebe todos os meses... por isso, mais vale salvar a pele e fazer asneira... quando a bomba rebentar, quando os problemas surgirem, eles também já não estão em Timor...

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