Friday, February 23, 2007


Regresso ao Far West!

Há quem diga que andar distraído é mau, e que temos de andar com atenção, blá, blá... Sinceramente, eu considero que andar distraído torna a vida mais interessante... é so surpresas!

Hoje quando ia a atravessar a rua para o escritório deparei-me com algo estranho: uma carrinha de caixa aberta, igual a muitas outras que há por aqui, só que esta estava pintada como se fosse uma bandeira do Texas, e levava lá dentro um casal de cowboys com cerca de 70 anos... estranho... “donde é que estas aves raras escaparam?” pensava eu enquanto atravessava a rua. Do outro lado da rua cruzei-me com mais uns seres vestidos de forma estranha: botas de cowboy, chapéus e camisas a condizer... Mas como era sexta feira, casual day, e estamos no Texas, decidi ignorar os sinais mais do que evidentes de que algo se passava...

À hora do almoço, novo sinal: quando olhei janela fora do 16º andar, reparei que a igreja em frente ao escritório estava rodeada de mesas redondas, uma banda a tocar, e duas limousines. Portanto, parecia um casamento, não fosse a bandeira gigante do Texas!!! Confesso que, mesmo assim, ainda pensei que pudesse ser alguma tradição estranha desta malta.

Só me apercebi, verdadeiramente, que algo se passava nesta sexta feira quando reparei que o “casamento” era patrocinado pela empresa que gere o complexo de edifícios do Allen Center (onde fica o nosso escritório)!

Como a curiosidade é sempre forte demais, fui investigar e descobri que... hoje é “Go Texan Day!” Imperdoável! Como é que eu me pude esquecer que estamos quase a chegar à data de abertura do “Houston Livestock Show and Rodeo”, provavelmente uma das maiores feiras de gado dos Estados Unidos, e o maior rodeo do mundo, que se realiza, todos os anos... na quarta maior cidade da América... estranho!

As hostilidades começam com o “Go Texan Day”, em que a população da cidade é convidada a manifestar as suas origens (daí os chapéus, botas, etc.). Aqueles de vós que têm acompanhado os meus curtos relatos sobre a história do Texas ficarão satisfeitos por saber que existe, também, um “Go TEJANO Day”, em que a população é incentivada a manifestar as origens hispânicas do Texas... Possivelmente perseguindo os mexicanos a cavalo até à fronteira, mais próxima... vou esperar para ver. E, como esta malta é pouco complexada com a merda que tem andado a fazer ao longo dos séculos, também há um “Black Heritage Day”... vá lá, não lhes deu para chamar a este “Go Black Day”...

Entretanto, o “Go Texan Day” explica as botas de cowboy gigantes, pintadas, que se encontram espalhadas pela cidade há várias semanas... algumas delas mesmo ao pé de minha casa... Acorda Ricardo!!!

O mais curiosos é a quantidade de malta que adere ao “Go Texas Day”. Parece que toda aquela gente que habitualmente se comporta e veste de forma mais ou menos civilizada, aguarda o ano inteiro para tirar as suas roupas maravilha do armário!!! Pensando melhor... durante o ano inteiro há manifestações esporádicas de parolice cowboy... de vez em quando surgem uns chapéus, umas botas, e umas fitinhas daquelas que se usam em vez da gravata...

Bem, o rodeo chegou para ficar. Vão ser 3 semanas de far west: IIIIIIIHHHHHHAAAAAHHHHHHH!!!






















Monday, February 19, 2007

President’s Day

Pela primeira vez desde que se tornou presidente dos Estados Unidos, o “amigo” Bush deu-me razões para sorrir (sem contar com as vezes que choro a rir com as idiotices dele). Sim, hoje, pela primeira vez desde que estou cá, gozei um feriado! Dá jeito os feriados serem mesmo feriados, já que estes gajos são peritos em criar “feriados” nos quais se via trabalhar... enfim!

O feriado de hoje dá pelo nome de “President’s Day”, mas dada a proximidade com o Carnaval, e o “ser” que presentemente ocupa a Casa Branca, decidi rebaptizar o feriado “Dia do Palhaço”. Portanto, no dia do palhaço fui até ao Herman Park (vingança) sentar-me na relva a ler e a observar os meus amigos Esquilos (estou a tornar-me um fã!). O tempo passado no parque foi importante para por a cabeça em ordem e descontrair um bocado. Sinto-me bem em contacto com a natureza.

Neste momento estou a ler um livro brilhante que recomendo a todos: “Battle Cry of Freedom”, de James McPherson. Trata-se de um livro sobre a história da guerra civil americana, que começa nos anos que antecederam o conflito, explicando as suas causas e os eventos que o antecederam. É, de facto, uma boa base para conhecer esse conflito tão brutal e tão desconhecido da maior parte dos europeus. O livro ganhou o prémio Pulitzer e, como qualquer Pulitzer, consegue ser um trabalho de investigação que se lê a um ritmo vertiginoso, apesar de ter cerca de 880 páginas.
Posso confessar-vos que fiquei verdadeiramente chocado com os antecedentes da guerra e com a mentalidade de muitas pessoas de então, sobretudo em relação à escravatura. Por outro lado, também fiquei chocado por saber que, contrariamente à imagem que muitas pessoas têm, a guerra civil americana não teve por objectivo inicial o fim da escravatura, e que este objectivo só surgiu muito mais tarde como forma de enfraquecer os rebeldes... Também chocante é o facto de tudo se ter passado há menos de 150 anos. O mundo, de facto, evoluiu muito durante o Século XX, mas ainda há um longo percurso a percorrer. Pretendo dedicar umas linhas a este assunto noutra oportunidade.

Sunday, February 18, 2007

Massacre no Toyota Center

Eu costumo gozar com a minha vida solitária e dizer que é apenas a preparação para um viagem de vela em solitário. No entanto, as semelhanças não deixam de ser curiosas.
Tal como num barco, há sempre um dia reservado para a manutenção (neste caso as limpezas). É o “dia mexicano” lá em casa... “ola señor!” Sinceramente, prefiro fingir que estou no meu barco! A minha sorte é que o momento mexicano da semana dura apenas uma hora e tal, libertando-me para tarefas mais importantes... o ócio!

Hoje o programa pós-limpeza incluía um passeio, leitura no Herman Park, seguido de um jogo de hockey. Portanto, primeira passagem, Toyota Center para comprar o bilhete; segunda paragem, Herman Park, já que estava um dia de sol magnífico. O único problema era a hora adiantada, o que levou a que, quando cheguei ao parque, deparasse com inúmeros carros cheios de famílias que tinham tido a mesma ideia que eu! Confesso que também não deve ter ajudado o facto de ser fim de semana prolongado e de eu ter entrado junto ao Jardim Zoológico...

Acabei por optar por ir até ao parque em frente a casa (o Elleanor Tinsley Park) e deixar o Herman Park para amanhã. E assim foi. Uma corrida no parque, um banho e alguma comida mais tarde, dirigi-me ao Toyota Center para assistir ao que eu acreditava ir ser um grande jogo de hockey no gelo. Basicamente, os Aeros jogavam contra os Chicago Wolves pela segunda noite consecutiva. Sendo que, os Wolves são presentemente a melhor equipa da Liga (destacada no primeiro lugar), e os Aeros tinham ganho 4-1 na véspera perante um Toyota Center apinhado de gente (cerca de 13,000 espectadores). Embora a enchente da véspera se devesse ao facto de ter sido “hockey begginers night”, com promoções, explicações das regras, actividades, etc., eu ia esperançado de ver algo semelhante esta noite (até porque já não havia bilhetes de jeito para a noite anterior quando eu tentei comprar o meu).

E lá fui eu, a um Domingo (Family Day outra vez) ver os Aeros... serem completamente massacrados 8-0, em jeito de vingança pela noite anterior (parece que escolhi a noite errada para ir ao hockey...) Curiosamente, valeu a pena, os Wolves deram um espectáculo fenomenal, com jogadas espectaculares a fazerem lembrar a própria NHL. Para não variar (já que era “Family Day”, tivemos direito a porrada! Mas, desta vez, foi desde o início ao fim do jogo, com 3 “combates”, e as equipas quase constantemente reduzidas a menos 1 ou 2 jogadores por castigo. Os Aeros tornaram-se peritos nisso, adoptando uma táctica à Boavista, ou seja, se não sabes jogar, distribui fruta! Enfim, uma noite interessante!

Saturday, February 17, 2007

Historic Downtown

Os últimos fins de semana têm funcionado numa lógica de “vai onde o vento te levar...”, ou seja, a resposta à pergunta “o que vais fazer este fim de semana?” é simples: “não sei!” As únicas certezas são que levanto-me quando acordar, e que o pequeno almoço é no sítio do costume. O resto, logo se vê.

Hoje o guião foi basicamente o mesmo, com uma ligeira diferença: eu sabia que tinha de passar pela loja de fotografia para comprar material para revelar as minhas fotos em casa (decidi mesmo ser artista!). Despachadas as “compras” (que até demoraram um bom bocado devido à minha inexperiência) fui largar tudo a casa. Nessa altura fez-se luz sobre o que iria fazer! O meu corpo enviava uma mensagem ao cérebro a dizer que queria caminhar, e o cérebro obedeceu. Peguei no magnífico “Moon Guide to Texas” que o meu mano me ofereceu, e descobri que ainda não tinha ido à parte histórica de Downtown.

Problema resolvido, decidi ir a pé de casa até à baixa, pelo parque. Assim, pelo menos, tinha algum contacto com a natureza (algo de que estava a precisar depois de uma semana de trabalho). A referida zona histórica é delimitada pelas ruas Congress, Preston, Milam e Travis, e corresponde ao núcleo principal das primeiras ruas e edifícios de Houston, construídos após a fundação da cidade em 1836.

Como podem ver pela fotos, a maioria dos edifícios desta zona encontram-se bem conservados, e foram construídos num estilo arquitectónico semelhante ao que se encontra em Inglaterra e noutros países de influência britânica. A grande diferença para o resto da cidade é a concentração de edifícios históricos, já que estes existem salpicados pela baixa inteira, sendo um testemunho à capacidade das cidades americanas evoluírem e reinventarem-se.

De facto, é impressionante. Quando um edifício está decrépito, já não serve para o que se pretende, ou pode ser substituído por algo mais útil, simplesmente deita-se abaixo... Isto leva a que o histórico coexista lado a lado com o moderno, numa mistura que, apesar de tudo, consegue ser harmoniosa... ainda por cima sem planos de ordenamento... Dá que pensar como é que as cidades portuguesas com tantos planos são a confusão arquitectónica que são?

Esta tendência de demolir para construir de novo não é algo de moderno. Sempre existiu. O que leva a que, mesmo numa zona “histórica”, existam edifícios que, embora históricos, já não correspondem aos que inicialmente existiam naquela zona. No entanto, a cidade encontrou uma forma interessante e eficaz de perpetuar a memória. Em cada esquina existem placas a explicar a origem das ruas, as actividades que aí decorriam, os edifícios principais, e fotografias da época e dos edifícios que entretanto foram demolidos.

Estas placas também se podem encontrar ao longo das ruas, em frente aos edifícios mais importantes, ou a assinalar o local onde existiam edifícios importantes que entretanto foram demolidos ou destruídos.

Eu já tinha encontrado esta forma de “museu ao ar livre” na rua do comércio de Galveston – “The Strand”. É uma forma barata, eficaz, interessante e fácil de manter, de perpetuar a memória colectiva das cidades. Seria certamente uma boa solução para a baixa de Lisboa.

Terminada a visita histórica, decidi ir ao cinema (algo que também não pode faltar nos meus fins de semana). O único problema é que, esta semana, não havia nada que me chamasse, verdadeiramente, a atenção! Os filmes interessantes que ainda não vi só estreiam para a semana que vem...

Assim, acabei por ver o “mais interessante” dos menos interessantes, um filme chamado “Babel”, com o Brad Pitt. O filme em si é um pouco esquizofrénico, e relata 4 histórias interligadas que decorrem simultaneamente em 4 partes do mundo (US, México, Marrocos e Japão). Cada uma das histórias é igualmente trágica e triste (o que foi óptimo para o meu estado de espírito). O filme demonstra bem o egoísmo da natureza humana, a irracionalidade das políticas de emigração americanas e da histeria anti-terrorista, entre outros temas. No entanto, falta-lhe algo... não sei bem o quê, mas não chega a fazer o tão desejado “clique”. Apesar de tudo, foi a primeira vez que vi uma sala de cinema do Angelika Theater a abarrotar!

Depois do cinema, ainda fui fazer uma noitada para casa a revelar fotos. Não resisti! O meu mano já me tinha falado da “magia” de ver as imagens a aparecerem lentamente no papel, mas nunca imaginei que fosse uma experiência assim tão... mágica! De facto é maravilhoso e dá para imaginar o espanto das pessoas no Século XIX ao verem as primeiras fotos. Embora as coisas nessa altura fossem bem mais interessantes, com os inúmeros laboratórios que explodiam em pleno acto de revelação!

Quanto à minha experiência, fiquei satisfeito com as duas fotos que revelei, podem ser aperfeiçoadas... tenho de estudas mais um bocado. Para o próximo fim de semana há mais!

Wednesday, February 14, 2007

Para que conste...

Nos últimos meses, muito se tem escrito, dito, inventado sobre a situação em Timor Leste. Ainda a semana passada, a própria agência Lusa declarava que uma manifestação de pelo menos duas mil pessoas estava a decorrer em Díli... quando amanheceu, parece que afinal eram cerca de 200... Nos dias seguintes, os chefes de Suco (líderes tradicionais eleitos) de Díli fizeram um apelo à paz e lideraram uma manifestação nesse sentido... curiosamente pouco noticiada... Neste momento não se compreende o que se passa em Timor, nem o que anda a fazer o resto do mundo com aquele pequeno país. Os portugueses acusam os australianos, mas a agência Lusa parece a imprensa australiana... Sim, não nos esqueçamos que, quando os conflitos começaram o ano passado, as televisões portuguesas passaram as mesmas imagens de violência (filmadas no primeiro dia) durante uma semana, quando quem estava em Díli na altura diz que a situação já tinha acalmado... a desculpa da RTP: "não tinhamos outras imagens para mostrar"... De uma coisa podemos ter a certeza, a verdade já não vende jornais, nem conquista audiências, o tempo dos media independentes há muito que desapareceu!
No meio disto tudo, um jornal Britânico teve a coragem que falta aos outros órgãos de comunicação! Deixo-vos com o texto do "The Guardian", publicado hoje, dia 14 de Fevereiro 2007, Dia dos Namorados:
An East Timorese court hearing against the former Prime Minister of East Timor, Mari Alkatiri, has seen the charges dropped. No evidence was found that he was involved in or knew about the alleged hand-over of weapons to civilians at the time of the disturbances in East Timor last May.
These allegations were shouted from the housetops by the Australian media and by the ABC in a special Four Corners program which ran with these scurrilous accusations and helped the campaign to force Mari Alkatiri’s resignation which was the objective of the Australian government. The ABC reporter Liz Jackson received a Walkley Award for this tissue of misrepresentations and lies.
Mari Alkatiri had committed the unpardonable sin of forcing Alexander Downer to make substantial concessions over the oilfields of the southern coast of East Timor and had to be removed from power.
Following the charges against him being dropped, Mari Alkatiri has threatened to take defamation action against the Australian media and to demand that Ramos Horta now Prime Minister and Xanana Gusmao East Timor’s President apologise. They had used the ABC allegations to pressure Alkatiri to resign.
Demonstrations against Mari Altakiri have once again taken place following the charges against him being dropped. Demonstrators demanded that the court officials who came to the conclusion that there were no valid charges against Alkatiri should be sacked.
The campaign of reactionary political circles in East Timor and in Australia is continuing. They are now concentrating on the presidential and parliamentary elections due to be held by the middle of this year. The presidential election is to be held on April 9 to be followed by the parliamentary election.
In the previous election Fretilin won the majority of seats and it is certain that the aim of the Australian and New Zealand governments and of Horta and Gusmao is to defeat Fretilin and put in power the representatives of other political forces and a government that will adopt policies more to the liking of the Australian and NZ governments.
Xanana Gusmao has repeatedly stated that he will not run again for the position of President while Ramos Horta has announced that he would stand provided no other candidate stands against him. His stand smacks of political blackmail.
Australia continues to maintain about 800 troops and New Zealand another 120 in East Timor and these two governments have refused to put their troops under UN command. There are also certain to be special forces operating for Australian intelligence agencies in East Timor. The UN has a sizeable number of police making up its peace-keeping mission.
The Australian and New Zealand governments have yet another deadly weapon in the person of Major Alfredo Reinado who was at the centre of the disturbances last year. He was jailed and has a charge of murder hanging over his head. However he was sprung from jail under the noses of Australian troops. Since then Australian officers have had discussions with Reinado and have made no attempt to re-arrest him although they have an obligation to do so.
A news item in The Australian last week said that a report presented to the UN Security Council dated February 1, said that Alfredo Reinado posed a risk to a free and fair election while he remained at large. The report said that several attempts involving Ramos Horta, the UN and the East Timor military had failed to convince Major Reinado to turn himself in.
In contrast the Australian and New Zealand governments made no secret of their wish to see Alkatari arrested, found guilty and thrown in jail.Reinado having received training at the Canberra military academy has family and military connections in Australia. It is clear that the Australian government wants to keep him in the foothills out of Dili ready to cause new disturbances to disrupt the elections should it appear that Fretilin still holds a majority support among the people of East Timor.

Sunday, February 11, 2007

Rice University

Hoje dei comigo a caminho da “Rice University”, uma das universidades mais famosas de Houston (senão a mais famosa). A razão da minha deslocação era puramente lúdica: decorria, este fim de semana, a “Owl Con 2007”, uma conferência/encontro de jogos. Embora nenhum dos jogos a que habitualmente me dedico estivesse representado (ou melhor, o LOTR estava, mas ninguém se inscreveu no torneio) decidi ir à mesma para sondar o ambiente.

O “campus” da Rice University ocupa uma vastíssima área da cidade, onde se inserem as diversas faculdades, residências, complexo desportivo, bibliotecas, etc. O complexo é impressionante. São vários (muitos) hectares onde os edifícios se “escondem” no meio de parques e jardins cheios de árvores, cadeiras de baloiço, bancos, mesas, caminhos para peões e bicicletas, etc. Tudo dentro dum complexo murado, mas aberto ao público.

Este “paraíso” dentro da cidade, ao Domingo, consegue ser inspirador (daí que, pela primeira vez desde que começou este blog, tenha decidido sentar-me a escrever in loco). Reina o silêncio, os esquilos saltitam de um lado para o outro observando as pessoas e não têm receio de se aproximar. Inúmeros pássaros (alguns que nunca tinha visto) partilham o espaço com os amigos felpudos... As ocasionais pessoas que se cruzam a pé ou de bicicleta não fazem barulho...

Vêem-se inúmeras pessoas a passear cães, o que dá origem a um espectáculo divertidíssimo que consiste em ver os cães correrem atrás dos esquilos e estes, sempre atentos, a pisgarem-se árvore acima, onde ficam quietinhos até os cães se irem embora. É impressionante, mas os esquilos conseguem detectar os cães quando estes estão a cerca de 150 metros de distância!

Quanto à conferência propriamente dita, não fugiu muito do habitual: inúmeras pessoas bem dispostas a dedicarem-se ao seu hobby, ocupando várias mesas compridas; e várias bancas de lojas a venderem material. Confesso que consegui resistir à tentação de “ir às compras”, embora houvesse para lá muita coisa interessante. Dois jogos que me chamaram a atenção: “Pirates of the Spanish Main” e “Pax Romana”. Vou ter de investigar...

Este post tem de ficar por aqui... o céu está completamente preto e começou a pingar-me em cima da cabeça! Quanto aos esquilos... esses continuam alegremente a apanhar sementes da relva e a comer. De vez em quando olham para mim com um ar curioso. Sinto-me como um bicho no jardim zoológico. Ao menos estes não atacam!










Hannibal Rising

Depois de uma tarde passada no meio de tanta tranquilidade, nada como acabar o dia no cinema a ver o “Hannibal Rising”, o filme mais recente acerca do herói do Silêncio dos Inocentes, o nosso “amigo” Hannibal Lecter, que conta o início da história, ou seja, como ele se tornou no “monstro”! Adorei o filme e fiquei cheio de vontade de ler os livros... parece que ainda conseguem ter mais pormenores deliciosos... I can smell your fear...

Deixo-vos com umas imagens “Hannibalianas” de Bayou Bend... é o que dá deixarem meninos pequeninos brincarem com filtros...


Saturday, February 10, 2007


Bayou Bend

Mais um fim de semana, mais um local a visitar… hoje a decisão era entre o “Downtown Aquarium” e o “Bayou Bend” e, para variar, acordei sem ter a mínima ideia para onde ia. Primeira paragem: pequeno almoço; segunda paragem: cinema para comprar bilhete para o “Hannibal Rising” hoje à noite (estreou ontem!); terceira paragem: loja de fotografia para comprar mais um rolo a preto e branco e uns filtros em segunda mão; quarta paragem: Bayou Bend! Não pensem que foi consciente... fui puro acaso... não me perguntem porque é que fui para o Bayou Bend. Basicamente estava na faixa da direita para ir para o Aquário e, à última da hora, guinei para a esquerda para o outro sítio... acontece, apeteceu-me... ao menos não me arrependi!

A semana passada falei-vos da “Menil Collection”. Pois bem, o Bayou Bend é mais um exemplo (dos muitos que existem nesta cidade) de um museu que nasceu da oferta de um benemérito. Mas, como devem estar todos curiosos para saber exactamente o que é o Bayou Bend, passo a explicar. Os irmãos Hogg (dois irmãos e uma irmã, de nome Ima) eram filhos do primeiro governador do Texas nascido no Estado e, no início do Século XX, depois da família se ter tornado riquíssima por ter tido a sorte de descobrir petróleo na sua quinta, decidiram mudar-se para Houston. O irmão Will e um grupo de companheiros decidiu criar a zona de River Oaks como um local de habitação de qualidade longe da confusão da cidade (que se tornou durante algum tempo no modelo para planeamento urbanístico nos EUA), e reservou uma parcela com vários hectares para uma casa para ele e para os dois irmãos. E aqui começa a odisseia...

A dita parcela, junto ao Buffalo Bayou, não passava de um matagal cheio de árvores centenárias e outra vegetação. No entanto, Ima e companhia decidiram que a casa não iria ser construída à custa da desbastagem das árvores que sempre haviam crescido naquela zona. A solução encontrada foi a manutenção do maior número de árvores possível, e de TODAS as árvores mais antigas. O resultado foi uma casa magnífica, no meio de uma floresta de sonho. Ao longo dos anos, Ima dedicando o seu tempo a planear os jardins da casa, em que deveriam coexistir plantas e flores naturais do Texas e do Sul, pré-guerra civil, e a floresta tradicional daquela zona. O resultado foi um jardim magnífico que, ainda hoje, sobrevive, em parte devido ao voluntariado e às doações do “River Oaks Garden Club”.

Outro passatempo de Ima Hogg era coleccionar mobília antiga e artes decorativas americanas. E nisso, ela era muito boa! Durante a sua vida, Ima foi coleccionando peças de mobília e de artes decorativas características de diversas épocas da história dos Estados Unidos, juntando uma colecção que abrange os períodos entre 1620 e 1870. Cada sala da casa foi decorada de forma a reflectir um período, e o seu esforço de decoração abrangeu tudo, desde a mobília propriamente dita, aos painéis de parede, papel de parede, etc., que ia comprando pelo país fora. O resultado é espantoso: uma verdadeira viagem pela história deste país, contada através da decoração. Confesso que nunca imaginei que a mobília e a decoração pudessem contar tanto acerca das relações familiares e organização do dia-a-dia!

Em 1957 (ainda em vida), Ima Hogg decidiu doar a casa e respectivo recheio ao Museum of Fine Arts Houston, para ser transformada numa casa museu, capaz de “unir a América através da sua herança comum.” Ima supervisionou pessoalmente a criação do museu e, até à sua morte em 1975, continuou a adquirir peças para doar ao mesmo!

O resultado é algo de fabuloso, como podem ver pelas fotos. Infelizmente, é proibido tirar fotografias dentro da casa, mas se quiserem investigar mais acerca deste museu maravilhoso: http://www.mfah.org/bayoubend/main.asp?target=home. Na página encontrarão descrições das salas do rés-do-chão, e imagens de 360º. Os jardins são, igualmente, impressionantes, embora, pelo que me apercebi, deve ser ainda mais magnífico na primavera.























Ricardat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Mirandistan...

Pois é, decidi inspirar-me no magnífico Borat (para quem ainda não conhece a figura, sugiro a consulta de: http://en.wikipedia.org/wiki/Borat) para resumir a minha presença aqui neste país “tão desenvolvido”... aliás, eles são tão desenvolvidos, tão desenvolvidos, que até já estão a considerar privatizar os serviços secretos! É verdade!

Citando a agência Lusa, “A revista com mais influência na actual equipa dirigente da Casa Branca, a neoconservadora "The Weekly Standard", defende, na sua última edição, a privatização de serviços de apoio à espionagem da CIA.”

Nas palavras do fulano que assina o artigo, os serviços secretos americanos precisam de mais concorrência para se tornarem melhores... É óbvio que o facto da privatização implicar que uma parte importante dos serviços secretos (a recolha e tratamento de informação confidencial) deixaria de estar sob o controlo dos órgãos democraticamente eleitos não tem nada a ver com o apelo... Sobretudo numa altura em que os maluquinhos da guerra no partido republicano estão em pânico por o Presidente da Comissão do Senado que controla as secretas ser de esquerda e, imagine-se, ter lutado recentemente pela melhoria dos direitos dos trabalhadores e pequenos agricultores! Malandro!

Para o “artista” que escreveu o artigo, dois exemplos do mau funcionamento da CIA são a incapacidade de prever o 11 de Setembro (quando se sabe que houve um relatório a alertar para esse acontecimento que foi ignorado pelo governo...), e o facto de terem gasto 30 mil milhões de dólares para concluírem que o Iraque estava cheio de armas químicas quando, afinal, não havia uma única (se calhar o facto do governo ter dito, antes de ter provas, que elas existiam condicionou “um pouco” a investigação...)

A solução mágica seria privatizar para melhorar a produtividade, dando acesso a dados classificados e operações de espionagem a empresas privadas. Na cabeça deste “intelectual”, até seria mais seguro ter privados a lidarem com dados constitucionalmente protegidos! Maravilha... cada vez sinto-me mais seguro neste mundo!

A título de curiosidade, a revista dá cerca de um milhão de dólares de prejuízo por ano, mas Rupert Murdoch (sempre o mesmo) não pretende vendê-la... o que não deixa de ser estranho, já que o Mr. Murdoch nunca faz nada para perder dinheiro... Se calhar terá alguma coisa a ver com a influência da revista junto da Casa Branca já que, segundo dados vindos a público, só o gabinete do vice-presidente Cheney adquire 30 exemplares por semana!!!

Acho que vou levar esta proposta para Portugal (“cultural learnings for make benefit...”)... e já agora, também os (verdadeiros) testes americanos, que parecem-me ser uma boa forma de melhorar os resultados nos exames nacionais... Mas como o meu objectivo aqui é também contribuir para a aprendizagem dos americanos, deixo-vos com uma proposta para o combate ao terrorismo que vou levar à Casa Branca:

http://www.youtube.com/watch?v=a258t9t92aU&NR

Dzienkuje! Me like the US and A… Is-a very nice. I leave you interview my friend Ali G with Posh Spice and Beckham!

http://www.youtube.com/watch?v=tdjOuXMaba4

And etiquette class in South…

http://www.youtube.com/watch?v=E_6fRsaJLkc&mode=related&search=

Friday, February 09, 2007

Portugal 2 – Brasil 0... parece que levaram com a “pelota”...

Estar longe de casa tem várias desvantagens, entre as quais se conta a impossibilidade de ver os jogos da bola que interessa... Garanto-vos que tem cá uma piada “ler” as descrições dos jogos nos sites dos jornais desportivos... Voltou a acontecer esta semana, ainda por cima com um Portugal vs. Brasil...

Fiquei ainda pior ao saber que tínhamos ganho 2-0... porra pensei... e agora? E agora, toca de ir ao Youtube ver se alguém tinha colocado o raio do resumo na net... Na primeira tentativa, nada feito... embora tenha conseguido obter uns links porreiros para as campanhas portuguesas no Euro2004 e no Mundial2006. Vale a pena verem para recordar:

Mundial 2006:
http://www.youtube.com/watch?v=h4VaTfAZmiY&mode=related&search

Euro 2004:
http://www.youtube.com/watch?v=aSlIL4Axi64

http://www.youtube.com/watch?v=ObOlp0b1QRA

Ainda hoje choro a rir com o pénalti do Postiga! Para mim o melhor momento do jogo!

Umas horas mais tarde, descobri finalmente o jogo Portugal-Brasil, com um bónus... comentado em espanhol! Confesso que dá especial gozo ouvir os gajos a levar com a “pelota”...

http://www.youtube.com/watch?v=U9NhXtBpqHQ

Entretanto, aproveitei para apanhar imagens dum jogo que tive pena de perder, o Liverpool vs. Milan da final da Liga dos Campeões de 2005. Este é o tal jogo em que, ao intervalo, o Liverpool estava a perder 3-0 e, após o intervalo, deu a volta ao resultado e ganhou!!! Verdadeiramente impressionante, a perder 1-0 ao fim de um minuto e vinte segundos, sofreram w golos no final da primeira parte e, mesmo assim, conseguiram ganhar:

http://www.youtube.com/watch?v=N8jz_wEIo6o

O mais impressionante, é que parece que estas reviravoltas tornaram-se um hábito no Liverpool. No ano seguinte aconteceu o mesmo na final da FA Cup, com uma particularidade: em 2005, Steven Gerrard foi o motor da reviravolta, em 2006, foi o responsável único! Curiosamente, o Westham esteve a ganhar 2-0, o Liverpool empatou, o Westham fez o 3-2, e o Liverpool empatou com um golo monumental do Gerrard (marcou dois e fez o passe para o outro!), e depois venceu nos pénaltis (com o Pepe Reina, que tinha sofrido um frango no segundo golo, a defender 3).

http://www.youtube.com/watch?v=M_fUBbijGZQ

http://www.youtube.com/watch?v=oiof3Zp4SFM&mode=related&search=

Curioso como o Liverpool consegue dar a volta dois anos seguidos, e os Rockets e os Chicago Bears não conseguem mudar a táctica no decorrer de um jogo... Por alguma razão o hino do Liverpool é o que é! Sim, sou suspeito, sou adepto do Liverpool desde que via os jogos deles ao domingo de manhã na Austrália.

When you walk through a storm
hold your head up high
And don't be afraid of the dark.
At the end of a storm is a golden sky

And the sweet silver song of a lark.
Walk on through the wind,
Walk on through the rain,
Tho' your dreams be tossed and blown.

Walk on, walk on with hope in your heart
And you'll never walk alone,
You'll never, ever walk alone.

Walk on, walk on with hope in your heart
And you'll never walk alone,
You'll never, ever walk alone.

Wednesday, February 07, 2007

Os deuses devem estar loucos, Parte I – The Pen is Mightier than the Sword!!!

Há umas semanas deparei-me com uma notícia no mínimo perturbadora. Uma alta patente do exército americano, ligado aos “julgamentos” (se é que lhes podemos chamar isso...) dos prisioneiros de Guantanamo, terá dado uma entrevista digna da Idade Média. O dito Sr., em pleno horário nobre de uma rádio muito popular, terá enumerado todos os advogados e sociedades de advogados americanos que representam prisioneiros de Guantanamo e, de seguida, apelado ao povo americano e às empresas americanas para deixarem de trabalhar com estes advogados e sociedades (entre as quais se contam as principais sociedades americanas)!

O argumento do Sr. é fabuloso. Na cabecinha iluminada dele, os advogados e sociedades que defendem os detidos de Guantanamo são anti-patriotas, amigos e apoiantes dos “terroristas”! Pior ainda, a maioria fazia-o de borla no âmbito dos seus projectos “Pro-Bono”. E continuou, explicando que as grandes empresas americanas que recorriam aos serviços destes advogados tinham de decidir em que é que verdadeiramente acreditavam. O Sr. estava certo que muitas delas não queriam continuar a trabalhar com estes advogados, já que as próprias empresas tinham perdido muitos trabalhadores nos ataques às Torres Gémeas. Portanto, o exército tinha o direito e o dever de informar as pessoas sobre quais os advogados que não eram patriotas e ajudavam os “terroristas”!

Este argumento é magnífico, e era exactamente o que faltava para tornar os processos de Guantanamo ainda mais justos. Já não basta os prisioneiros não saberem do que são acusados (ou melhor, na cabeça do governo americano, eles sabem o que fizeram, portanto o governo não tem nada lhes contar... pode prejudicar a investigação...), não basta não terem direitos, agora só faltava também não terem advogados. De facto, os advogados não fazem falta... os detidos não só já “sabem bem o que fizeram”, como também “têm a obrigação de saber que são culpados”... Se calhar está na altura do Bush e seus amigos lerem o “Processo” de Kafka. Ou se calhar já leram, e inspiraram-se no livro para estruturarem os processos de Guantanamo... afinal parece que o Kafka era um vidente!

Portanto, a moda do momento é o julgamento sem acusação, sem regras, sem direitos, com normas retroactivas (violando o princípio base do direito criminal “nulla poena sine legem”), e agora sem direito de defesa e sem direito a defensor... E tudo sem poderem invocar o direito internacional que, por decisão dos próprios acusadores/julgadores, não se aplica no “buraco negro” de Guantanamo...

Até veio mesmo a calhar... A propósito de direito internacional, esta semana chegaram-me notícias da Austrália, no mínimo pertubadoras, sobretudo tendo em conta a postura da Administração Bush nesta matéria. Decorre, presentemente, em Sidney, o primeiro inquérito oficial à morte dos “Balibo Five”, cinco jornalistas radicados na Austrália (3 australianos, 1 neozelandês e 1 britânico) que foram mortos aquando da invasão indonésia de Timor em 1975. A versão da Indonésia tem sido sempre a de que os 5 eram guerrelheiros da FRETILIN, a da Austrália (vergonhosamente) a de que teriam sido apanhados no fogo cruzado, a do resto do mundo (pelo menos dos honestos e pensantes, e incluindo a das pessoas que presenciaram os acontecimentos), a de que tinham sido conscientemente assassinados! Até não custa muito a compreender a tese da Indonésia... não há piores guerrilheiros do que os jornalistas... aliás, há quem diga que uma das causas da derrota americana no Vietnam foi a imprensa... livre! O que, aliás, levou à forte censura que se verifica no Iraque sob o pretexto da “segurança nacional”... The pen is mightier than the sword!

Voltando ao inquérito que decorre em Sidney, uma testemunha que combatia no exército indonésio revelou, esta semana, que a justificação para a ordem Indonésia de assassinar os 5 jornalistas foi “nesta guerra não se aplica o direito internacional, se se aplicasse não podíamos matar jornalistas!!!” Foi esta a justificação dada pelo oficial indonésio que deu a ordem! Quando li esta notícia arrepiei-me todo... vieram-me imediatamente à memória as palavras de Bush, Chenney, Rice e companhia: “à guerra contra o terrorismo e aos prisioneiros de Guantanamo não se aplica o direito internacional!” Ou seja, não se aplicam as regras criadas após a Segunda Guerra Mundial, destinadas a evitar a repetição dos crimes da Alemanha Nazi! Os mesmos crimes que estão a ser cometidos, hoje em dia, pela administração Bush e o exército dos Estados Unidos. Será que esta já era a doutrina oficial dos EUA quando Gerald Ford e Henry Kissinger deram o OK à Indonésia para invadir Timor em 1975?

O que esta gente não compreende é a “caixa de pandora” que acabou de abrir... Os princípios de direito internacional não são relativos, não se aplicam só quando nos dá jeito! São absolutos, têm aplicação Universal, sempre! Guantanamo é um lugar na Terra, e mesmo que não fosse, mesmo que fosse em Marte, o direito internacional aplicava-se, pela simples razão que há lá pessoas! É melhor não dizer isto muito alto, senão ainda se lembram de declarar que os detidos de Guantanamo não são pessoas... ou se calhar já o fizeram... embora não expressamente!

Esperemos que toda esta alarvidade acabe em breve, e esperemos que, tal como em Nuremberga, seja feita justiça... Sim, ouviram bem! Na minha opinião, para se repor equilíbrio no mundo e fazer as pessoas voltarem a acreditar novamente no direito internacional, Bush e companhia devem ser julgados num tribunal internacional, por crimes de guerra. Se devem ser condenados à pena de morte ou não, isso já é outra questão... Para mim, a resposta é simples: NÃO! Sou contra a pena de morte em qualquer circunstância! É um princípio absoluto, uma regra que não muda consoante a identidade do criminoso ou a natureza do crime.

Opinião chocante? Admito que possa ser para alguns. Mas (dando uma de criança mimada) o blog é meu! Exprime as minhas ideias. Se quiserem ler leiam, se não quiserem, chamem-me terrorista e enviem-me para Guantanamo! THE PEN IS MIGHTIER THAN THE SWORD!

Em jeito de conclusão, voltando ao tema de abertura deste post, a ordem dos advogados americana (American Bar Association) e as sociedades de advogados visadas pelo militar já reagiram... Fizeram barulho, acusaram o governo e o exército americano de serem a negação da própria Constituição do país. Explicaram que o direito de defesa e o direito a um defensor são princípios base de qualquer Estado que se proclame democrático, a par do princípio de que “todos são inocentes até prova em contrário!” Também explicaram ao governo e ao exército que não têm, nunca tiveram, e nunca vão ter medo; e que continuarão a acreditar na justiça e no direito!

O que a administração Bush ainda não entendeu é que os advogados surgiram da necessidade de proteger e defender os desprotegidos (quem quer que fossem, e qualquer que fosse a acusação contra eles), e que em todas as ditaduras (mesmo as que se proclama democracias) houve sempre advogados com coragem para lutar contra o poder instituído. Nas palavras de Manuel Alegre, na “Trova do Vento que Passa”:

“Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.”
Todos os anos entram mais de 500 alunos para a Faculdade de Direito de Lisboa, todos têm oportunidade de ouvir esta canção. Infelizmente, muitos são surdos, dos que ouvem, poucos são os que compreendem. Mas os que compreendem, esses acredito que sejam tocados para a vida. Pessoalmente, ainda me arrepio só de pensar na letra... nem preciso de a ouvir cantada. Tenho orgulho da profissão que escolhi! THE PEN IS MIGHTIER THAN THE SWORD!
Fotos Houston - Janeiro 2007

Aqui têm mais umas: (1) a cena de porrada "center ice" (estou a imaginar o diálogo: "hey, you pushate me against the glass!" "This is not for little miudates you know?" "Now I upset go esmorraite your trombate!"); (2) acção junto à baliza; (3) Mission Control Center (roam-se de inveja); (4) Battleship Texas; (5) Jacinto Monument (a pila escondida no nevoeiro).






Tuesday, February 06, 2007

Dezembro 2006 - Família, Tejo e Sesimbra

Deixo-vos umas fotozitas tiradas aquando da minha passagem por Portugal, acabadinhas de revelar.