Saturday, September 30, 2006


Aventura gastronómica 1

Depois da minha aventura em busca do pequeno almoço, o almoço tinha de ser especial... Dito e feito! Tive direito a uma visita ao “Goode Company Texas Bar-B-Q” que, a acreditar no que diz o “Moon Handbook Texas” (um livro sobre o Texas que o meu irmão me ofereceu pelos anos), é o melhor restaurante Barbecue de Houston.

O complicado foi tentar descobrir o que estava a comer, já que confiei no Nuno que fez questão de escolher para nós algo “tipicamente texano”. Basicamente, sandes de carne grelhada e fumada de algum bicho que não consegui identificar, com um molho qualquer, acompanhado de feijão, salada e limonada. Tudo comido ao ar livre em mesas de tábua corrida, com música “country” a tocar e, numa esplanada do outro lado da rua, uns cowboys verdadeiros... com chapéu e tudo! Por momentos ainda suspeitei que o Nuno tivesse pago aos gajos para estarem ali, de forma a eu sentir-me em casa...
Já agora, vejam só a pinta do Mr. Goode...

Moral da históia: a grande vantagem de almoçar no “Goode’s” é que... poupas dinheiro no jantar! Pelo menos eu não consegui comer mais nada até ao dia seguinte!
Tadã! 6 da manhã: acordado! 7 da manhã: acordado! É melhor sair da cama e (des) arrumar as malas já que não consigo dormir! Tadã! 7h30: tenho fome!!! Não tenho comida!!! E agora??? Está na hora de puxar pela herança de macho recolector e sair em busca de comida.

O Ricardito, contrariando todas as indicações que lhe tinham dado (tipo: isto não é uma cidade para se andar a pé, blá, blá), decidiu ir caminhar em busca de comida. À saída do complexo de apartamentos, vira à direita a pensar “tem de haver uma loja de esquina ou um centro comercial algures para comer... ou um café...” Primeiro choque: carros da polícia por tudo quanto é sítio! E eu a pensar com o meu preconceito típico: lá estiveram os malucos a fazer asneira e a polícia por tudo quanto é sítio. Afinal, não era bem isso: parece que metade da cidade decidiu fazer aquilo que nunca faz (andar a pé), no mesmo dia que eu! Sim, estava a decorrer uma corrida de angariação de fundos para a luta contra o cancro, e os Houstonians tinham todos saído para correr, andar, etc., nessa manhã de Sábado. E eu a fazer de maluco de calças de ganga e camisa, a acompanhá-los em busca de comida! Ligeiro esclarecimento: estavam 30ºC e 80% de humidade!!!

Nada de comida, e eu a dirigir-me em direcção à baixa, a ouvir os gajos a anunciarem com vozes histéricas: “Já só faltam 5 km... força!!! Vocês conseguem!” E eu em busca de comida... a suar... Passada 1 hora e meia, já me encontrava no centro da cidade... e sem comida! Segundo choque: no meio dos arranha céus, surge uma igreja encravada, com uma placa gigante a dizer “Jesus Saves!”. Mais curioso ainda, ficava encravada entre as duas torres da ENRON! Será que os administradores da maior fraude dos últimos anos no mundo inteiro iam rezar todos os dias antes de pensarem como é que haviam de roubar mais dinheiro à empresa e deixar os empregados na miséria?
Pensamentos filosóficos à parte, e meia hora mais tarde, continua a busca de comida! 11 da manhã, completamente faminto, sou forçado a entrar numa loja de sandes “Subway” (penso que havia uma para os lados do Saldanha), e comer uma sandes com um sumo de laranja, servido por uma mexicana que falava menos inglês que muita gente que conheço: “bien venido a los Estates!” Devidamente (?) alimentado fiz-me ao passeio, em busca de algo para fazer em “downtown”. Terceiro choque: “downtown” é... “downtown”... ou seja, tem arranha céus, uma igreja, meia dúzia de lojas de comida manhosas, e um “department store” que dá pelo nome chique de “Macy’s”, mas que parece um resquício dos anos 70! Vistos os cinco andares do velhinho Macy’s, tive de dirigir-me a um dos famosos “Hardbuck’s Coffee” em busca de um expresso... que me foi servido num copo gigante com um aviso importantíssimo “Caution HOT!”. Sim, não vá algum ser de uma inteligência extrema pensar que o café que sai da máquina vem frio...

Regresso a casa, mais 5 km, e necessidade de tomar um banho! Sim, depois de caminhar mais de 10km com trinta e tal graus e uma humidade impressionante, uma pessoa fica um pouco... pegajosa!

Friday, September 29, 2006



Poizé! Cá estou eu... expatriado em Houston, Texas, Estado dos Bush, Estados Unidos da América. Temperatura: quente e húmida. Língua oficial: español??? Animal oficial...não, não é quem vocês pensam... é o armadilo!

Como convém fornecer já toda a informação relevante, a bandeira do Estado é esta... "Texas, the lone star State."

Depois da “maravilha” que foi a viagem para Luanda com a mítica TAP, confesso que estava interessado em ver como se comportava a Air France...

A primeira surpresa (positiva), surgiu logo no aeroporto. Consegui fazer o check in TODO numas máquinas novas que eles têm, em mais ou menos 5 minutos. Sim, TODO, incluindo a viagem de Paris para Houston, e ainda escolhi os lugares nos dois voos. Modernices... Depois foi só ir para uma fila manifestamente mais pequena para entregar as malas.

Aí é que surgiu o primeiro “problema”. Eu levava 2 malas e um porta fatos, com um peso inferior aos 46 kg permitidos. No entanto, quando fui largar as malas, deparei-me com uma menina que prontamente esclareceu que eu tinha de pagar excesso de bagagem pois, nos voos europeus, eu só podia levar 2 volumes. Eu lá tentei explicar que estava dentro do peso permitido, e que ia para Houston, mas isso só piorou as coisas... A resposta dela foi do mais delicioso que alguma vez ouvi: “pois, não interessa que não tenha excedido o peso, o que interessa é que excedeu o número de volumes! Mas é só até Paris, porque de Paris para Houston não há limite de volumes...” Eu deixei de parte a ideia de tentar explicar à moça que isso não fazia sentido nenhum, e decidi tentar arrastar o porta fatos comigo como bagagem de cabine.

O voo para Paris decorreu sem grandes sobressaltos. A aventura começou no aeroporto Charles de Gaulle. Primeiro, passar pelo detector de metais, depois abrir as malas e deixar os seguranças revistarem tudo e confiscarem a mortífera garrafa de água Vitalis. De seguida, prosseguir para a porta de embarque onde... Fui forçado a abrir novamente as malas, deixar os seguranças mexer em tudo (excepto a máquina fotográfica que pesa 1\2 kg e que estava dentro do porta fatos... e que eles não conseguiram descobrir!). Mas como se isso não bastasse, ainda tive direito a uma “massagem” do segurança, seguido de uma inspecção aos meus ténis Nike que, como qualquer par de Nikes de qualidade, emana um cheiro distinto...

Satisfeito que (para além dos meus ténis) eu não transportava nenhuma arma potencialmente mortífera, os moços lá me deixaram embarcar para o avião. Chegado ao meu lugar, descobri que, não só ia ter um vizinho do lado, como também que o dito tinha o braço direito completamente coberto de gesso. Ia ser uma longa viagem... Para encurtar um pouco a história, tive de abrir embalagens de comida, preencher formulários de emigração, enfim... tudo o que um bom samaritano teria feito... no entanto, estabeleci logo um limite mental: se o gajo se levantasse e dissesse “preciso de ir à casa de banho”... azar o dele! Felizmente ele ainda tinha dignidade suficiente para tratar desses problemas sozinho!

A viagem foi passada de forma um pouco mais interessante do que a viagem de e para Luanda. Ainda bem que alguém se lembrou de inventar o sistema de diversão individual... e instalá-lo nos aviões da Air France (coitadinha da TAP). Sim, tive o prazer de ver os filmes que queria, quando queria, no ecrã situado na cadeira à minha frente, para além de ter jogado todos os jogos possíveis e imaginários: majhong, cave man, quem quer ser milionário, xadrez (e ganhei duas vezes ao computador), etc. Isto sim é viajar com qualidade!

Ao fim de 10 horas e picos de viagem, chegada a Houston!

Sair do avião, rodeado de mexicanos, nórdicos, franceses... onde é que será que estão os americanos??? Sim, já que o moço dos serviços de emigração era chinês... Parecia um livro do “Onde está o Wally?” Saído do controlo de emigração, deparo-me com um moço das alfândegas que pergunta-me “hey guy! We’re you goin’?” E eu a pensar “Guy??? Mas eu andei contigo na escola???” Depois apercebi-me: “Ya, estou no Texas...”

E continua a saga “onde está o americano???” Sim porque o meu taxista preto falava um dialecto qualquer ao telemóvel que, claramente, não era inglês!!!

Friday, September 22, 2006





Houston via... Luanda!

Só a mim é que me acontecem destas... A duas semanas de ir para Houston, enviam-me para Luanda... essa bela localidade! Maravilhosa viagem na TAP... maravilhosas cadeiras, maravilhosa comida (sempre carne estufada com arroz...) maravilhoso filme (que nunca chega ao fim porque não podemos comer enquanto vemos televisão... é má educação), maravilhoso aeroporto 4 de Fevereiro (com o seu magnífico tapete de bagagens... enfim!).

Primeira aventura: Avião levanta de Lisboa na hora prevista... deve ser milagre! Ao fim de uma hora... Comandante: "Srs. passageiros, estamos a sobrevoar Faro... lamento informar, temos uma avaria numa bomba hidraúlica, temos de regressar a Lisboa para os mecânicos darem uma vista de olhos, não é nada de grave." English "Passengers, big problem, go back to Lisbon..." começamos bem!

Uma hora de viagem e meia hora a largar combustível ao largo de Cascais e... aterramos em Lisboa. Descemos as escadas e... estão a desmontar o motor! Tá bonito sim senhor. Todos para dentro do autocarro, todos para a sala de espera, nada de comida, nada de explicações... 2h30 da manhã! Passageiros histéricos "não entro naquele avião, cancelem o voo, blá, blá" e eu a secar... cansado e com fome! 1 hora depois tudo pra dentro do avião, tudo a caminho de Luanda! Jantar (4 horas atrasado) de carne estufada com arroz... como é que adivinhei??? Chegada a Luanda... 2 horas para ir do aeroporto ao hotel... e ainda dizem que o trânsito em Lisboa é mau...

Sempre deu para aproveitar para ir tirando umas fotos com o telemóvel. Cá vão para quem não conhece Luanda!

No regresso, nada de interessante... a não ser o jantar... carne estufada com arroz...