Saturday, January 20, 2007

Houston Aeros vs. Manchester Monarchs

Hoje, mais do que nunca, senti os “Weekend Blues”. Sexta-feira à tarde, nada para fazer no fim de semana... zero de ideias, zero de vontade! A coisa estava difícil. Mas a solução havia de chegar...

Quem me “salvou” foi o Tiago que, em conversa via messenger perguntou-me se já tinha ido ver algum jogo de basket dos Rockets. Por acaso ainda não tinha ido... e pus-me na net a ver o que havia de desporto em Houston este fim de semana (já que o futebol americano e o futebol “civilizado” estão de férias).

O resultado da pesquisa deu: 0 jogos dos Rockets, mas 2 jogos de hockey no gelo dos Houston Aeros (equipa que milita na liga secundária, a “AHL”), um hoje, e outro no Domingo. Para combater a monotonia, decidi ir esta noite e, se gostasse, provavelmente iria também no Domingo!

Resolvido o meu problema de entretenimento, toca a trabalhar de forma a conseguir sair do escritório a tempo de ver o início do jogo às 19h15 (sim, os jogos começam a horas decentes, mesmo à 6ª-feira!)

Se a primeira impressão do “Toyota Center” (pavilhão onde decorrem os jogos de hockey, basket, concertos, etc.) foi boa (trânsito completamente controlado pela polícia, faixas de rodagem reservadas para estacionamento temporário de quem compra ou levanta bilhetes), a impressão quanto entrei no pavilhão ainda foi melhor. Tudo está pensado para fazer da assistência a um evento desportivo um verdadeiro espectáculo e uma oportunidade de convívio. Nos corredores há restaurantes, lojas de merchandise, mesas de “air hockey” e de matrecos em versão hockey no gelo, mascostes a passear de um lado para o outro a fazerem de... mascotes.

Mas ainda havia mais... eu a pensar que as coisas não ficar melhor... até chegar à minha secção da bancada. Eu tinha escolhido lugares “center ice” (o equivalente à bancada central), não dos mais caros, mas com uma boa localização. Ora, esta secção da bancada tem entrada por um bar/restaurante que serve toda a secção, onde se pode comprar comida e bebidas, e depois, se quiseres, podes ficar a ver o jogo num dos bancos virados para o campo! E sem pagar os preços pornográficos que se paga em Portugal para ver um jogo de bola de merda nos melhores lugares dos estádios portugueses... A título de curiosidade, os bilhetes mais caros para o hockey são os que ficam mesmo junto ao vidro (glass seats)... onde dá para ver bem ao perto a cara dos jogadores (normalmente esborrachada contra o vidro) quando levam encontrões, mas onde, ou eu muito me engano, ou não se consegue ter qualquer noção do jogo em si... são opções!

Quanto ao jogo em si, foi verdadeiramente espectacular! Renhido, rápido, com os Aeros a perderem por um golo... não se pode ter tudo! Pelo meio, ainda me fartei de rir com a conversa de uns gajos que estavam atrás de mim (e que destoavam do resto do público)!
Parece que em qualquer canto do mundo, em qualquer modalidade, há sempre dois ou três gajos (ou nalguns sítios e nalgumas modalidades, ainda mais...) que “animam” as bancadas com as idiotices pegadas que dizem! Estes dois começaram antes do jogo... O jogo foi iniciado, simbolicamente, pelo representante de uma universidade da Coreia do Sul que tinha estado em Houston a estudar medicina desportiva ao abrigo de um protocolo! Quando o senhor apareceu no meio do ringue, lá começaram os artistas, com uma bela frase: “Oh Samsung, começa lá com essa treta!” Lindo, pensei para mim, estes dois prometem! Mas o melhor ainda estava para vir... desde resmungar contra um grupo de miúdas que estavam a ver o jogo (ou melhor, não estavam a ver o jogo... estavam na conversa, a beber que nem umas malucas, e a tirar fotos umas às outras como se estivessem num bar ou numa despedida de solteira...), a proferirem frases brilhantes para “encorajar os jogadores” do género: “tirem o soutien e joguem hockey...” Enfim! O curioso é que, num pavilhão quase cheio, eram os únicos (pelo menos na minha secção que, diga-se de passagem, era enorme).

Mais pormenores interessantes: o facto dos Aeros terem vários pretos a jogar (o que não é habitual no hockey no gelo), o facto dos Monarchs terem um Mexicano a jogar (sim é verdade! E para não fugir aos estereótipos, chamava-se Gonzalez, e tinha por volta de um metro e sessenta de altura...) Eu chorei a rir com estas situações, sobretudo com a dos pretos... só me conseguia lembrar de um “Saturday Night Live” em que apresentaram as 10 razões pelas quais os pretos não jogavam hockey... entre elas contavam-se: “não se sentem confortáveis dentro de um recinto fechado com uma porrada de brancos com paus nas mãos”, “não se sentem confortáveis rodeados de brancos com máscaras”, “não sentem a necessidade de dominar mais outro desporto”! Enfim, divirtam-se com as fotos... deixo-vos mais comentários noutra ocasião!
A lição importante a retirar deste jogo é simples: o desporto é entretenimento! Apesar da equipa ter perdido, ninguém atirou nada, ninguém provocou distúrbios, ninguém saiu cabisbaixo do recinto, as pessoas sairam a conversar normalmente, com sorrisos, porque, apesar de tudo, tinham assistido a um espectáculo... a Europa tem muito que aprender no campo desportivo...

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