A Batalha de San Jacinto e o nascimento da República do TexasMais um Sábado, mais um dia livre para fazer o que me bem apetecer... só que, desta vez, com um ligeiro problema: não me apetecia fazer absolutamente nada! É verdade, cheguei a sexta à noite um pouco deprimido, com saudades das minhas meninas. Para piorar as coisas, fui ver a previsão do estado do tempo e... davam chuva! Pus-me a ler o magnífico “Moon Guide to Texas” (mais uma vez, obrigado Pê!), e não havia nada perto de Houston que me interessasse ver! Bolas! E agora??? Não tinha nada para fazer, não me apetecia fazer uma viagem longa para um sítio mais interessante...
Pensei, que se lixe! Vou tomar o pequeno almoço e logo se decide... Algures a meio do meu croissant e capuccino, lá dei comigo a ler o parágrafo dedicado ao San Jacinto Monument, e a pensar para mim “isto não parece ser nada de jeito”. Mas como não ficava muito longe (cerca de 30 km de Houston), como ficava para um lado da cidade em que nunca tinha estado, e como tinha a ver com a história do Texas, lá me fiz à estrada, embora com pouca convicção.
O San Jacinto Monument é um monumento à batalha decisiva que levou à independência do Texas (do México), e à criação da República do Texas, estado soberano, que durou apenas dez anos antes de ser anexado aos Estados Unidos da América, mas que ainda hoje desperta

muitas paixões (ao ponto de alguns notáveis continuarem a assinar os seus documentos como sendo elaborados na “Republic of Texas”. Fisicamente, o monumento parece um pila gigante (de fazer inveja ao Cutileiro), com uma estrela na ponta! Aliás, será mesmo a maior pila do mundo, já que está no Guiness como o monumento de pedra mais alto do mundo! Na base da pila, perdão, do monumento, encontra-se um pequeno museu que relata a história da independência do Texas, e que passa um bom filme dedicado ao mesmo assunto, relatado por esse conhecido mentecapto, o Charlton Heston.
Resumindo um pouco a história da República do Texas, o que se passou foi o seguinte. Depois do Tejas (como então se chamava) ter passado a integrar o México (algum tempo depois da Espanha ter ficado com o território que havia pertencido à França, e do próprio México ter obtido a independência da Espanha...), os hermanos Mexicanos depararam-se com um problemazito... ninguém queria habitar aquela região inóspita. Os descendentes dos espanhóis achavam-se demasiado finos, e aquela trampa estava cheia de índios, foras de lei, cobras, lagartos, cactos, etc. A solução acabou por ser uma série de moços de origem europeia (Checos, Alemães, etc.) e Norte Americana, que decidiram pedir concessões de terrenos aos mexicanos para povoarem o Tejas. Os mexicanos, como estavam desesperados, lá acederam, e várias pessoas que depois se vieram a tornar famosas trataram de fundar colónias e de trazer americanos e europeus para habitar a zona.
Acontece que, a certa altura, um tal de General Santa-Ana, Presidente-Ditador do México apercebeu-se que havia mais não-mexicanos no Tejas, do que mexicanos... um ligeiro problema... E como essa situação ameaçava a integridade territorial do seu país, decidiu juntar a província do Tejas à província de Coahuila (maioritariamente hispânica), formando uma nova província de Coahuila y Tejas, atribuindo a maior parte do poder político a Coahuila. Seguiu-se a revogação da constituição liberal, a adopção de um modelo centralista o que, resumindo as coisas mais uma vez, chateou os moços americanos e europeus que decidiram que não iam aturar aquilo, e decidiram declarar a independência! Ou, visto de outro ponto de vista, roubar uma parcela de território a um Estado soberano (mais ou menos como os Albaneses decidiram fazer no Kosovo com o apoio dos... americanos! Curioso...).
podem calcular, o moço Santa-Ana não achou lá muita piada, e decidiu marchar sobre o Tejas com um exército de 3000 e tal macacos, bem equipados e treinados, para esmagar o exército improvisado da auto-proclamada “Republic of Texas”, liderada por Sam Houston. Como seria de prever, o exército Texano foi levando enxerto de porrada atrás de enxerto de porrada (o mais famoso dos quais foi o que receberam na Batalha do Alamo, e que levou a que todo o exército Texano dentro do forte fosse massacrado). E assim chegamos a um belo dia, nos arredores do que é hoje em dia Houston, em que o General com o mesmo nome descobre que o Santa-Ana se dirigia para a localidade de San Jacinto com apenas 700 homens. Encontrando-se pela primeira vez na vida em superioridade numérica, Houston decide deixar de fugir (actividade na qual se tinha tornado especialista, para desespero dos seus homens) e atacar Santa-Ana, nas margens do Buffalo Bayou. Para tornar as coisas mais interessantes ainda, o idiota do Santa-Ana, contra as indicações dos seus comandantes, decide mudar a posição do seu acampamento para uma parcela de terreno onde ficariam: 1) numa posição em que não conseguiam ver o inimigo, 2) de costas para o rio, 3) cercados por pântanos... portanto, uma decisão estratégica muito inteligente.
Como se as coisas não estivessem suficientemente más, ainda decidiu mandar os seus homens dormir (tinham chegado cerca de 500 reforços que estavam muito cansados da marcha forçada), porque os Texanos de certeza que não iam atacar naquele dia... dito e feito, está-se mesmo a ver o que aconteceu... o Houston decidiu atacar (curiosamente contra as indicações dos seus comandantes). Os Mexicanos foram, verdadeiramente, apanhados com as calças em baixo, e levaram uma tamanha coça que a batalha de San Jacinto durou apenas 20 minutos, com menos de 10 Texanos mortos, contra 630 mortes Mexicanas, 208 feridos, e 730 prisioneiros, entre eles o próprio Santa-Ana! Claro está que o Santa-Ana sentiu-se na obrigação de ser simpático e assinar um tratado de paz com o Texas.
No entanto, parece que quem não gostou da brincadeira foi o Parlamento Mexicano, que nunca aceitou a independência da nova República do Texas. Assim sendo, quando ao fim de 10 anos de independência o Texas decidiu pela anexação aos Estados Unidos da América, estalou a guerra México-EUA, que terminou com uma vitória avassaladoura dos EUA, e a conquista ao México de 1/3 do actual território dos Estados Unidos, nomeadamente os territórios que dão para o Oceano Pacífico!!! Dá vontade de perguntar “como é que seria o equilíbrio de forças na região se, em finais do Século XIX, os EUA não tivessem ganho a guerra com o México e conquistado essa fatia toda de território???
Para acabar a minha passagem pelo monumento, decidi tirar mais umas fotos artísticas, o que levou a que fosse comido vivo por centenas de mosquitos verdes (verdadeiramente enormes e assustadores) que tinham decidido vir celebrar os 27ºC e tempo de chuva para junto do monumento... Também não ajuda o facto do dito pirilau estar rodeado de relva e situado junto ao raio do rio! Fui forçado a reconstituir uma pequena Batalha de San Jacinto, chacinando uma porrada de mosquitos! Quem quiser saber mais informações sobre a Batalha e a independência do Texas, pode ir a
http://www.sanjacinto-museum.org/ , ou a
http://en.wikipedia.org/wiki/Texas_Revolution. Vale a pena!
Já que falamos de guerra, relembremos o que cantam os Dire Straits:
Brothers in arms
These mist covered mountains
Are a home now for me
But my home is the lowlands
And always will be
Some day you'll return to
Your valleys and your farms
And you'll no longer burn
To be brothers in arms
Through these fields of destruction
Baptisms of fire
I've watched all your suffering
As the battles raged higher
And though they did hurt me so bad
In the fear and alarm
You did not desert me
My brothers in arms
There's so many different worlds
So many different suns
And we have just one world
But we live in different ones
Now the sun's gone to hell
And the moon's riding high
Let me bid you farewell
Every man has to die
But it's written in the starlight
And every line on your palm
We're fools to make war
On our brothers in arms
The man’s too strong
I'm just and ageing drummer boy
And in the wars I used to play
And I've called the tune
To many a torture session
Now they say I am a war criminal
And I'm fading away
Father please hear my confession
I have legalised robbery
Called it a belief
I have run with the money
And hid like a thief
I have re-written history
With my armies and my crooks
Invented memories
I did burn all the books
And I can still hear his laughter
And I can still hear his song
The man's too big
The man's too strong
Well I have tried to be meek
And I have tried to be mild
But I spat like a woman
And sulked like a child
I have lived behind walls
That have made me alone
Striven for peace
Which I have never known
And I can still hear his laughter
And I can still hear his song
The man's too big
The man's too strong
Well the sun rose on the courtyard
And they all did hear him say
'You always were a Judas
But I got you anyway
You may have got your silver
But I swear upon my life
Your sister gave me diamonds
And I gave them to your wife
'Oh father please help me
For I have done wrong
The man's too big
The man's too strong