Friday, December 15, 2006

Regresso a casa!!!

Hoje de manhã quando acordei parecia um puto em vésperas de natal... nervoso, a contar as horas, a olhar para o relógio de cinco em cinco minutos... o tempo nunca mais passa! Tick tack, tick tack... porra!

Nunca mais chegavam as 10 da noite, hora aproximada do meu voo de regresso a casa, para junto das minhas meninas. Diga-se de passagem que as 10 da noite eram só o começo da aventura... É que, se viajar da Europa para Houston tem a vantagem de se roubar 6 horas ao tempo, e aterrar mais cedo do que seria no ponto de partida, a viagem de Houston para a Europa é mais frustrante! Na prática, ia sair de Houston às 10 da noite e, devido ao avanço nos fusos horários, iria aterrar em Paris, não 10 horas depois, mas sim 16 horas... o que queria dizer que, na prática, só estaria em Portugal cerca de 18 horas depois de ter saído daqui! Na verdade não é assim (o tempo de viagem é o mesmo), mas o efeito psicológico é devastador, sobretudo quando se está a morrer de saudades da família!

Do dia em concreto, pouco me lembro. Sei que comi uma trampa qualquer à pressa para ver se não perdia tempo e conseguia despachar o trabalho todo antes de fugir, sei que recebi uma chamada idiotica do meu antecessor (que queria falar de Houston e saídas à noite... tipo Gato Fedorento – “sabes onde é que há gajas boas...”). Lembro-me de fugir do escritório a correr, de ir a casa tomar banho e mudar de roupa, de pegar nas malas, enfiá-las no carro, e fazer-me à auto-estrada a caminho do aeroporto. Lembro-me do desespero de ter apanhado o trânsito todo do pessoal a fugir para Norte ao fim de semana(trânsito a sério), lembro-me de ter recordado os Dire Straits (“six lanes of traffic, three lanes moving slow...”), lembro-me de me ter rido, encolhido os ombros e relaxado... Conduzir no Texas tem destas coisas, 4 faixas de auto-estrada, e os gajos todos a andarem à mesma velocidade, se queres ultrapassar, azar! É mesmo assim, não vale a pena perder a paciência... Também me lembro de ter feito contas à gasolina (era suposto entregar o carro com o depósito vazio) e de ter stressado os últimos 10 quilómetros convencido que não ia chegar ao aeroporto... Mas cheguei, entreguei o carro, e fiz o check in!

Só me faltou o rádio a tocar a música pimba (género “ai meu lindo agosto” e “vai com cuidado emigrante”) para me sentir o verdadeiro emigra a regressar a casa. Isso e a possibilidade de conduzir do Texas até Portugal, de preferência a 200 km/h num mercedes alugado e sem dormir!

O controle de segurança correu da forma patética do costume, com os mesmos gritos, creme, líquidos para aqui, sapatos para ali... cheiro a queijo dos pés do povo todo... Mas desta vez tive direito a brinde: o placard dos avisos dizia “The US State Department warns that the Port-au-Prince airport in Haiti does not comply with the minimum air safety requirements!” Lindo! Mais uma pérola… e eu que queria tanto ir passar férias ao Haiti... praias paradisíacas, galinhas decapitadas, voodoo, massacres... ainda pensei mudar de destino e optar por um natal tropical... Eu cada vez mais acho que há um gajo na segurança do aeroporto que se diverte todos os dias a inventar sítios “interessantes” para pôr nos avisos! Parece que não fui o único, já que um senhor inglês que estava atrás de mim soltou uma sonora gargalhada e começou a gozar com a mulher quando viu o cartaz... quem não achou muita piada foram os guardas do aeroporto! Azar, é o humor britânico, quem gosta, gosta; quem não gosta, gostasse!

Quanto à viagem em si: Mahjong, leitura, mahjong, Sudoku, leitura, mahjong, dormida, mahjong... e dois seres solitários (masculino e feminino), de proporções enormes (ele de altura, ela de largura), que se entreteram o caminho todo a falar dos medos de voar e a olhar para o maluco do lado que, no seu lugar à janela (como não podia deixar de ser), jogava mahjong e ria-se sozinho...

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